Jumanji: O Nível Seguinte
Todos reconhecemos que estamos na era de esticar a corda em termos cinematográficos: tudo o que é filme tem direito a uma sequela, ou várias, são deixadas sempre eventuais pontas soltas a ver se cai em sorte uma saga ao colo do produtor e do realizador, e Jumanji não foi exceção.
Em 1995 o filme do jogo de tabuleiro deixou miúdos e graúdos em êxtase com os cenários avassaladores, aventuras surreais e surpresas extraordinárias, e os seus sucessores não fugiram à regra. Contudo, em Jumanji: Bem Vindos à Selva (2017) e Jumanji: O Nível Seguinte (2019), o tradicional dá lugar ao electrónico e a responsabilidade da aventura fica ao cargo de uma velha consola.
Na sequela de 2017 ficamos a conhecer um grupo heterogéneo de quatro jovens que, tal como no filme original, se envolvem num jogo imersivo que necessitam vencer para lhes ser devolvida a normalidade. Escolhem um avatar que em pouco ou nada corresponde às suas características individuais e exploram um cenário repleto de perigos e desafios, colocando à prova as suas skills e evitando sucumbir às suas fraquezas.
Em Jumanji: o nível seguinte mantemos as personagens e alguns dos jogadores mas, por acidente, dois respeitáveis senhores beeeem mais velhos entram também na aventura.
Eddie e Milo – na pele dos seus avatares – são os grandes responsáveis por grande parte da comicidade de toda a trama. Spencer regressa a Jumanji com o objetivo de se sentir novamente invencível, como Bravestone. Infelizmente o jogo estragado troca-lhe as voltas e a sua personagem é uma pequena nipónica com problemas de alergias e asma, tal como Spencer.
Aquando da reentrada dos jovens em Jumanji, com o propósito de resgatar o amigo, estes acreditavam que, por conhecerem já a estrutura do jogo e os passos a assumir, a tarefa de conclusão seria muito fácil, contudo, não esperavam que a aventura se fosse passar no segundo nível.
É de salvaguardar o bom trabalho por parte dos argumentistas em estabelecer a ligação com o primeiro filme, contudo, a trama foge há essência da origem: pouco há de selva. Optaram por criar novas dimensões da história, que a tornam, quiçá, mais interessante e complexa, mas por vezes não sabemos se estamos em Jumanji ou num eventual episódio de Indiana Jones.
Os cenários interiores, mas, sobretudo, exteriores, primam pela magnificência e beleza, o que contrasta com o fraco CGI, quando aplicado, por exemplo, às hienas que a uma dada altura surgem num espaço fechado escuro. Terá sido a falta de luz que ditou um menor esforço na criação destas personagens? Questiono-me acerca deste aspeto, uma vez que outros animais são retratados com um pouco mais de realismo.
A meu ver, o ponto forte deste filme centra-se em dois detalhes: a cena de ação que decorre em pontes suspensas e a performance maravilhosa do grupo de atores que constitui os avatares de jogo. Estes últimos fazem um exímio trabalho ao captar a essência das pessoas que os estão a controlar, que muda no decorrer da trama.
Em suma, é um filme com alguma previsibilidade, mas nada de extraordinário, já que a diversão não é comprometida. É um filme que entretém o público com facilidade, inclusive os que não tiveram a oportunidade de ver os anteriores. Mas, que tal aproveitar o Natal para recuperar e ver a série toda?
Para concluir, um detalhe: foi impressão minha ou o tornozelo torcido do Jack Black muda a meio do filme? Confesso que pode ter sido apenas confusão minha, mas ia jurar que o homem torce o direito e depois lhe fazem uma ligadura no esquerdo. Creio que tenho que ver novamente o filme…